10 de julho de 2012

Sacrilégio


Há dois domingos atrás eu e meu amado fomos ao batizado do mais novo Britto. Chegamos à Igreja e permanecemos pouco tempo de pé. O padre incomodado e preocupado com o bem estar dos filhos de Deus fez questão de nos acomodar. E o local indicado foi o banco da primeira fileira da Igreja. E lá estávamos nós, pecadores aos olhos de uns, pois nosso matrimônio foi apenas oficializado aos olhos da Lei, porém, amados pelas esferas celestiais.



E a missa prosseguia sob muito fervor e emoção. Era um pároco muito animado e de exuberante expressão gestual e vocal. O repertório musical também foi muito bom. Conhecia algumas canções graças aos momentos em que acompanho o Momento de fé do padre Marcelo Rossi e àquelas eventuais idas à missa. Confesso que me segurei, pois enchi a cara de maquiagem e não estava com o meu remédio de alergia para desobstruir as vias respiratórias depois de tanto choro. Vou reservar tal catarse para o filme das mães de Chico Xavier, em casa, sozinha.



Eis que o simpático mensageiro da Palavra iniciou o momento da consagração, daí corpo e sangue de Jesus foram por ele oferecidos a nós. Quando percebi que não havia jeito de rejeitar, me senti na obrigação de expor minha humilde ou herege situação, pois não queria carregar mais essa culpa, cometer mais um erro, arder no mármore do inferno ou coisa parecida:



- Eu não fiz crisma, não fiz primeira comunhão!

- Não tem problema nenhum! Foi batizada?

- Fui. (Ufa!)



E recebi aquela pequena porção de carboidrato levemente umedecida com bebida de uva fermentada, feliz por matar a curiosidade sobre esse rito e aliviada por não ter percebido qualquer efeito colateral danoso. E enquanto refletia sobre a aceitação divina, sobre a remissão de meus pecados e que realmente tinha Jesus no meu coração, Jackson, que recebeu sua oferenda sem maiores transtornos, reclamava que faltava orégano ao petisco.