2 de novembro de 2010

Poder e glória

Não sei se sou feminista, mas prezo minha liberdade de atitude e de escolhas sem me preocupar com os padrões ditados pela sociedade. Não acredito em muitos dos pacotes prontos de felicidade por ela impostos, mas esse texto não é uma crítica a isso.

Ontem ouvi a Dilma dizendo para que os pais olhem nos olhos de suas filhas e digam que é possível, e a única coisa que me veio à cabeça foi: Yes, we can! Yes, women can!

Podemos sem usar o sexo, podemos sobrepondo as armadilhas dos ciclos hormonais, podemos escolhendo criteriosamente nossos parceiros, podemos sem precisar competir hormonalmente com outras fêmeas, podemos quando compreendemos as necessidades masculinas, podemos quando somos exemplos, podemos quando superamos nossas notórias limitações. Sim, podemos!

26 de outubro de 2010

A janela mágica

Certo dia estava eu molhando as verdes folhas da minha planta até que percebi algo de estranho nela. Não era fungo, nem aranha ou brotos. Era um amontoado de folhas compridas e secas, piaçava, linha branca, dispostos de maneira côncava sob parte da terra do vaso. Aquilo me assustou e tratei de jogá-lo fora. Pensei um pouquinho e descobri o motivo da presença daquele novo integrante no ecossistema: os pássaros da finada goiabeira.
Frondosa árvore servia de point para rolinhas, pardais e outras pequeninas árvores de lindo matiz. Eis que um dia o homem primata passou-lhe o piedoso facão. E é daqui que toda a história faz sentido.
Um dia cheguei em casa e uma rolinha desesperada não encontrava jeito de sair da minha área de serviço. Tratei de abrir a janela e ela seguiu seu caminho. Acho que já devia estar sondando local seguro para viver seu momento maternal.

Quase dois meses depois, poucos minutos após a remoção do ninho, Catarina pousou sobre minha planta. Naquele momento entendi que a história da manjedoura na versão passarinheira precisava se repetir. Procurei um potinho e coloquei o ninho que havia destruído ao lado da planta. E passei a observar.

Durante duas semanas, Catarina, mãe dedicada, pousou sobre seus dois ovinhos, sem se importar com a minha presença ou de outros. Uma vez, saiu para se alimentar e outros dois pássaros vieram bisbilhotar seu ninho. Corri para afugentá-los, acho que não tinham boa intenção. O pior nisso tudo é saber onde estava Frederico nesse quase fatídico momento. Nos vimos somente uma vez. Ele trazia material para o ninho. Acho que estava tentando se redimir com Catarina, que já estava chocando. Já vi dessa atitude com alguns homo sapiens por aí. Além disso, quando me viu voou e sumiu, deixando que eu e Catarina nos entendêssemos. Deve estar por aí pulando de árvore em árvore e piando para rolinhas desavisadas.

 Acho que no último final de semana, Patrício e Clarinha deixaram suas camadas de carbonato e cálcio e deram o ar de suas graças a esse mundo. Essa parte da história eu perdi, só a Natgeo é capaz de contemplar intimamente tais momentos.


Bem, estou curtindo bastante a presença de meus convidados e me sinto agraciada por ter sido minha casa escolhida pela mãe natureza. E tudo isso aconteceu por causa de uma orquídea quase morta que foi parar na janela.

26 de junho de 2010

Parabéns! Você faz parte das dez mais de maio!

Ainda não é primavera na América do Sul, mas as flores de maio não desapontaram e desabrocharam para alimentar os beija-flores. Um deles foi um pequeno brigão que deixou a mudez raivosa de lado e reatou com seu pai. O quinteto nuclear conseguiu as colocações que precisavam para prosseguir nas profissões escolhidas. Uma beija-flor mãe venceu a doença das células desordenadas e voltou para a labuta. O tímido conseguiu carimbar sua passagem para a Bahia e trabalhar em um novo status com o óleo das pedras. A esposa dedicada foi convocada para trabalhar como pedagoga e seu cunhado, agora é gerente.
Transbordando de felicidade com tanta notícia boa, ainda fui avisada de que estava entre as dez mais de maio na Academia. Lembrei-me então de quanta coisa boa aconteceu nesse mês, e me explicaram que uma coisa boa puxa a outra...

14 de março de 2010

ID-3

Hoje senti aquela força estranha que impulsiona a combinação de letras e sentimentos que resultam na equação do pensamento. Para vocês que me acompanham, bem sabem que estou no meu momento “abelha fazendo o mel” - momento que tem sido o mais duradouro e intenso que me lembre, não pelo consumo energético e temporal, mas pelas escolhas feitas para que o mel dessa florada saia tão precioso quanto os outros. Hoje são tantos amigos, festas, gastronomia, compras, programas culturais e namorado pra curtir. Ontem era só cara no livro, corpo nos braços de Morpheu, Faustão na televisão, Catuxa pra cuidar e ouvir latir – Saudades do meu bebezão...
Após minha entrada no mundo da TV por assinatura, compartilho de novas idéias, aprendo sobre algumas personalidades e sinto fome só de ver aquelas receitas maravilhosas!!! Os programas abordam temas cotidianos, fatos marcantes do passado, do presente e previsões – é um parque de diversões onde minha montanha russa de sinapses resulta em alegria, prazer, medo, indignação, questionamentos e expectativas.
Com relação a expectativas, ontem assisti a um documentário sobre a personalidade Paulo Gracindo. Pelo que entendi, classificá-lo somente como ator é um insulto, um pecado artístico. E antes desse doc, era esse o único vocativo disponível pra mim. No vai e vem estilo Pulp fiction do programa, percebi como a avidez deu lugar à lentidão. Daí procurei lembrar se já assisti a algum programa que tratava da terceira idade. O que essa galera tem curtido? Qual a diferença entre os idosos de ontem e de hoje? Será que é só dança de salão, vans do Teatro, carteado na praça e Viagra? Ou estar sobrecarregados com os netos? O que eles têm feito com sua aposentadoria?
Sim, na Globo já foram exibidos alguns programas sobre a terceira idade, mas me parece que os bem felizes assim foram por toda a vida. Sinto falta de um(a) apresentador(a) ID-3 pra despertar a montanha russa que vai permitir refletir, construir novas opções. Foi legal entender que nossa vida é passageira também pra natureza, pois ela tem pressa na multiplicação desenfreada de células na nossa gestação e na degradação delas na hora de nossa morte, amém. E ela vai deixando a gente lento pra isso...pra recuperar a energia que investiu...