11 de junho de 2009

Consciência 1


Inspirada pelo par-casal Élika-Nelson, resolvi letrar um acontecimento.

Ontem estava no supermercado e fiquei admirada por observar um senhor alto, de pele bem clara, com roupa social, mochila nas costas, vívido e ágil, para a idade que aparentava. Fiquei pensando, que legal, pois hoje em dia pouco vejo pessoas idosas com tamanha desenvoltura e aspecto saudável. Talvez existam, eu é que não tenho a oportunidade de vê-los por conta da minha rotina enclausurada no carro, trabalho e estudos. Não tenho ciência nem consciência de como anda o ônibus, a rua, as novidades dos camelôs. Pois este senhor brincou comigo, dizendo de maneira muito amistosa e simpática algo do tipo: “_Pensei que você tinha ido pra casa!” Daí sorri amarelo, pois procuro seguir as recomendações de Mazinho sobre atitudes cautelosas com membros da espécie Homo sapiens do gênero masculino. Sou uma pessoa independente em vários sentidos e no trato social tais características podem suscitar interpretações errôneas, por isso, tive que raciocinar no intervalo de nanosegundos como deveria reagir...e o amarelo foi a cor.


Mas percebi pelo sotaque carregado que me deparei com um representante de outro continente que expressava uma brincadeira pela minha momentânea ausência na fila, pois saí para buscar um item sem o qual não haveria sucesso na minha próxima síntese orgânica: ovos para o bolo da Festa Junina de sábado. E fiquei pensando o que um gringo estaria fazendo no Méier...Preconceito cultural meu ou raciocínio estatístico na veia depois de me apaixonar pela estatística? Queria muito perguntar se era do continente ao nosso norte ou a leste do oceano Atlântico, o que fazia por ali, veio a trabalho, de onde veio e entendi que toda essa curiosidade foi despertada pela saudade do meu mês na Alemanha... Vi naquele momento, através daquele sotaque e simpatia uma correlação fugaz com esse período, mas foi o que me veio...E fiquei na dúvida falo-não-falo enquanto o senhor pagava sua conta. Observei que seu português era comunicativo, e que ele ainda não guardara suas compras. Pegou seu troco, conferiu, minhas compras já estavam sendo identificadas pelo sensor vermelho e ele conferia a nota fiscal. As sacolas plásticas disponíveis ficaram lá, e eu estava aguardando o momento em que seriam utilizadas, pois por educação, a vez ainda era a dele. Percebi de repente que suas compras não estavam mais à vista e no intervalo de fentosegundos, pela experiência adquirida na terra da cerveja, concluí com louvor: as compras estão na sua mochila! Fato óbvio, mas após esta conclusão me deprimi superficialmente, pois doeu na consciência a falta de consciência ambiental para uma representante da Ciência. E então fui pra casa e só tive vontade de escrever este texto, sem até o momento ter despertado o desejo de resolver meu conflito ambiental...

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