Ontem presenciei um fenômeno que não sei classificar...Era um homem-violão ou um violão-homem, que não causou a estranheza que normalmente sentimos ao que nos é aberrante. Desde os primórdios, o homem sempre criou e utilizou ferramentas para um propósito bastante definido, mas não sei o que pretendia aquele possuindo um violão. E ele manejava esse instrumento com a habilidade de quem maneja uma peixeira, mas se sentiam os vários cortes dos quais só um canivete suíço é capaz. E desses cortes sangraram lágrimas, coro, gritos, suspiros, dança, carinhos, aplausos, assobios. Não satisfeito, aquele híbrido ainda entoava maravilhosos versos com voz e sotaque que já não ouvimos tanto por aí.
Como um cancão que sabe o momento ímpar de atacar sua presa, aquele híbrido aproveitou-se de uma platéia entorpecida para um momento de conscientização e reflexão. A exploração sem cuidados do Velho Chico, o desperdício de água e a acinzentada previsão de que este elemento pode se tornar motivo de guerra me incomodaram tanto quanto a mochila do meu quase amigo estrangeiro do mercado. Mas como aquele efeito jornalístico de apresentar notícias maravilhosas imediatamente após uma ruim, o Geraldo Azevedo continuou e arrancou o couro até o fim.
PS: Cancão é um pássaro carnívoro do Nordeste. Consegui a informação com o colega Ricardo, típico representante da região aqui no IEN. Bom não é saber tudo, e sim estar cercada de todo o tipo de gente.
18 de junho de 2009
Show
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A descrição é perfeita para um show que me emocionou, várias vezes meus olhos marejaram, não sei se por emoção ou por orgulho de ter no Brasil artistas como este.
ResponderExcluirInfelizmente a nossa maravilhosa cultura vai se perdendo e corremos o risco de mais uma vez nos tornarmos colônia, só que desta vez, cultural.
Parabéns pelo belo texto.
bjs
Jackson
Caramba! Ele me emociona só de ouvir. Nunca o vi pessoalmente e acho que iria explodir de tanto êxtase.
ResponderExcluirBelo registro, Luciana! Conte-nos mais!!!!
Bjs