16 de junho de 2009

De repente 30


Faz quase seis meses que a década dos 30 começou pra mim. Depois do bombardeio midiático sobre saúde e longevidade, há algum tempo venho seguindo tais conselhos e desfrutando dos resultados obtidos. Sou uma pessoa de carga genética afortunada, admito, reconheço e reafirmo, pois no meu prato sempre abundaram muitos gramas e os mais diversos tipos e níveis de gorduras saturadas e insaturadas que nunca abalaram meu LDL. Sem falar nos beliscos intermediários à base de coxinha de galinha, açaí ou hamburguer na hora do recreio ou aquele croissant antes das aulas da graduação. Mas já ouvi dizer que não é bom abusar da sorte, dar chance pro azar ou moleza para o detetive careca. Também prefiro prevenir a remediar. Também ouvi falar que depois dos 30 uma metamorfose indesejada tem início devido à decadência hormonal desencadeada no corpo humano. Mas as naturezas terrestre e celeste mostram através de vários fenômenos que é necessário alcançar o equilíbrio. E cada um deve alinhar o fiel de sua balança.

Lembro que aos 13 minha preocupação era com o meu futuro imediato como estudante da escola técnica federal de química. Tal sonho se tornou realidade em Nilópolis, dois anos depois, e daquele momento em diante, precisava de dedicação para agarrar meu futuro distante. No filme de título homônimo a este texto, 30 é a idade do sucesso, é quando, o apartamento, o carro, o emprego, as roupas, bolsas, sapatos, badalação e o namorado dos sonhos aparecem. Quase que como uma função de estado, dos 13 se vai aos 30 com a energia requerida para um salto quântico de um elétron que habita um orbital s para a camada de valência, se isto for fisicamente possível, teoricamente dedutível ou experimentalmente reprodutível. Mas adoro esse teen-movie, pois além de divertido me fez pensar nos caminhos que me conduziram para onde estou.
Um dia também desejei como aquela menininha do filme que todas as minhas aflições de pré-adolescente terminassem. Mas desconhecia sobre quântica e segui o roteiro normal. Como a abelha fazendo o mel e a formiga se preparando para o inverno rigoroso, percebo agora que valeu todo o tempo que meus olhos ficaram voltados para a luz fria do quarto sobre um monte de letras, números e farelos de borracha. Este intervalo de construção e preparação desencadearam uma reação onde meus ativos intangíveis como o estudo, os relacionamentos, e o pensamento têm se transformado em puro prazer.

Melhor do que procurar perguntas é desfrutar das respostas. Já não gostava de cigarro desde criança sem saber seus males, nunca fui cliente fervorosa do McDonalds sem saber que ele poderia super size me ou entendia que aquele prazer em ouvir a rádio tropical me aproximaria da cultura do meu país e me faria cantar com amigos. E a televisão até que não me deixou burra muito burra demais, pois as trilhas sonoras, fotografias e figurinos dos filmes da telinha me apresentaram à música clássica, à vegetação, castelos e costumes europeus, casas norte-americanas sem muros e muitas pessoas com cabelos lisos. Não era do tipo que lia, ia ao cinema ou centros culturais por falta de motivação externa e dinheiro. Mas com o tempo vi que tirei algum proveito das imagens reproduzidas em modestas polegadas.

De algum jeito, conforme o filme, cheguei aos 30 sim, curtindo todo o sucesso que esta idade pode oferecer. E meus movimentos não foram friamente calculados, mas sinto que meu big bang apenas está começando.

3 comentários:

  1. Ah, muito legal, Luluch! E já todo na sua linguagem, com muita personalidade. Bacana mesmo! Você escreve super bem, mesmo que esteja mergulhada no trabalho e no estudo, hoje em dia, tenho certeza de que agora, mais madura, se começar a se dedicar com mais frequência, vai se surpreender com o que vai sair daí! :)

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    1. Oi menina! Muito obrigada pelas suas observações!!!!Tenho vontade de voltar a escrever mesmo...

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